Com um volume produtivo ligeiramente inferior ao da Holanda, o Brasil ainda tem um consumo de queijo per capita muito baixo, cerca de 4,0 kg, considerando-se sua numerosa população. Esse consumo é 20% inferior ao consumo dos países desenvolvidos, o que indica um enorme potencial para as indústrias de queijo do país.
Para chegar às quase 770 mil toneladas de produção anual de hoje, um volume digno de nota, a história dos queijos brasileiros passou por fases distintas: Embora o Brasil tenha sido descoberto e colonizado por portugueses, povo que já possuía uma cultura queijeira, a produção de queijos por aqui começou muito devagar e, de forma esparsa, situação que perdurou até o final do ciclo da mineração do ouro em Minas Gerais. A principal razão desse atraso residia no fato dos produtores evitarem sacrificar os animais para a produção do coalho necessário, esperando a oportunidade de ter estômago de porcos, tatus, cervos e outras espécies de animais. Claro que o resultado saia diferente a cada tipo de coagulante utilizado.
Somente depois de 1870, com a chegada de vacas da raça holandesa em uma área apropriada para a produção de leite, na serra da Mantiqueira, mais precisamente na vila de Palmyra, (hoje Santos Dumont) é que o queijo passou a ser considerado como uma boa opção para o escoamento do excesso de leite que começava a se verificar por aqueles lados.
Foi então que um comerciante português que vivia na região decidiu convidar dois queijeiros holandeses para iniciar a produção do queijo Edam, que costumava ser exportado da Holanda ao Brasil via Portugal, por isso era conhecido como Queijo do Reino. Após várias tentativas sem sucesso, eles acabaram chegando a um bom resultado e assim nasceu o nosso Queijo do Reino.
Inicialmente, eles eram embalados em latas e enviados para os mercados em São Paulo e Rio de Janeiro e também para Recife. A distância do centro de produção das três principais cidades do país provocava uma maturação complementar, quase sempre em temperatura ambiente. Este processo involuntário acabou transformando o queijo brasileiro em um queijo diferente do original holandês e, para muitos, com um gosto superior ao original.
O curioso é que este queijo ainda utiliza as latas como embalagem, e é difícil convencer os clientes e consumidores que hoje elas não são mais necessárias.
Um pouco antes, nas regiões da serra da Canastra e do Serro, a produção dos queijos artesanais conhecidos como Queijo Minas ganhava cada vez mais importância fora das zonas de origem e hoje, mesmo com as restrições injustamente impostas pelo Ministério da Agricultura, continuam sobrevivendo e exercendo uma grande atração sobre uma multidão de apreciadores desses chamados queijos de “terroir”.
Em 1920, uma pequena onda de imigrantes dinamarqueses chegou ao porto do Rio de Janeiro à procura de um lugar apropriado para a produção de queijos. Eles descobriram o sul de Minas Gerais, onde começaram a produzir queijos inspirados nos originais dinamarqueses, mas adaptados às condições brasileiras. Entre outros, eles criaram o queijo Prato, o Bola, o Estepe e até o Minas Padrão. Esses pioneiros dinamarqueses deixaram uma grande contribuição para a indústria de queijos no Brasil ao difundir uma cultura empresarial ligada à gestão de laticínios, que permanece até hoje.
Autor – Jair Jorge Leandro – Especialista em Queijo
De onde Tirei: expopizzawordepres.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente! o que vc achou?